Superação em Cena

Entrevista Anna Helena

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“Contracenar com uma boneca com as feições da minha mãe me toca, mas fazer esse espetáculo, levar essa temática à cena tem sido gratificante para mim”.

Anna Campos

 

Palavra 1

Cristina Vieira

Falar sobre arte sempre foi o objetivo. Fiz isso por algum tempo no jornal Estado de Minas, quando trabalhei no Caderno de Cultura e entrevistei personagens como Milton Nascimento, Toninho Geraes, Rubinho do Vale e Ziraldo. Agora a história se repete, ou melhor, renova-se e, neste caderno, personagens da arte contribuirão para encher de cores este blog.

A ideia não é entrevistar apenas grandes nomes, mas artistas que, pelo seu perfil, simbolizem a luta da classe e nos contem histórias de encher a alma, os olhos e o coração.

Talento e Arte

Essa seção é sobre talento e arte. Não é simplesmente sobre representar, cantar, tocar ou pintar. É sobre entrega, amor e descoberta.

É isso que me move a escrever sobre poesia, verso, universo, teatro, cinema, música e outros assuntos ligados à cultura. A intenção é desvendar talentos, descobrir encantos e pintar as páginas com palavras com as quais as pessoas se identifiquem.

 

Esta seção é sobre talento e arte. Não é simplesmente sobre representar, cantar, tocar ou pintar. É sobre entrega, amor e descoberta.

Anna Helena Campos

Anna Helena

Nascida em Belo Horizonte, a mineira Anna Campos construiu a sua carreira a partir da capital, na qual enfrentou desafios, atuou, dirigiu, produziu e se realizou.

Como é de se supor, sua carreira não se resume a Belo Horizonte. Anna levou sua arte a diferentes palcos, nos quais reproduziu espetáculos e performou sua arte.

A entrevista nos mostra uma atriz atenta e comprometida, sinalizando que sua escolha profissional foi movida pelo amor à arte e era o que lhe pertencia por direito e vocação.

Aos 11 anos, Anna participou de um curso livre de teatro no Sesi Minas e, como atuar se tornou um desejo constante, não teve dúvidas, entrou na Faculdade de Teatro da UFMG, de onde partiu para os palcos.

Nos Palcos da Vida

Cristina Vieira – Você diria que sua escolha profissional foi fácil? Você teve dúvidas?

Anna Campos – Acho que um pouco de insegurança a gente sempre tem, mas pra mim não foi uma escolha difícil.

Cristina Vieira –Você fez Faculdade de Teatro, não é?  Quais as principais diferenças entre a sala de aula e a vida profissional?

Anna Campos – Pela minha experiência, acredito que a principal diferença entre a sala de aula e a vida profissional, pelo menos no que diz respeito à minha época, é que, basicamente, aprendia-se a atuar e a dar aula.

Já profissionalmente, é necessário entender e praticar o teatro como um todo. Entre outras coisas, eu posso dizer que gerar meu próprio trabalho, por meio de produções, foi uma coisa que aprendi na prática.

Cristina Vieira – Trabalhar em Minas é diferente de atuar em grandes centros como Rio e SP? Quais as principais dificuldades enfrentadas por você?

Anna Campos – Embora nunca tenha morado no Rio ou em São Paulo, acredito que existem mais oportunidades de trabalho nesses centros, por outro lado, nesses locais o custo de vida é bem mais alto.

Em relação a dificuldades, já enfrentei e continuo enfrentando dificuldades, para conseguir financiamentos e através deles montar espetáculos.

Cristina Vieira – Quantos anos você tem de carreira? Quais as principais realizações?

Anna Campos – Eu tenho 22 anos de carreira. Nesse período, tive diversas realizações. Para mim, a principal foi ter conseguido fundar o Grupo Oriundo de Teatro com Enedson Gomes, meu companheiro.

O Grupo Oriundo continua atuante na cidade e é onde faço minhas principais produções.

Cristina Vieira – Atuar, dirigir, iluminar, maquiar. Essas são algumas possibilidades do profissional de teatro. Em quais delas você atua? Você considera importante que o profissional domine ou pelo menos tenha noções dessas áreas? Por quê?

Eu dirijo, atuo e produzo espetáculos. Eu considero importante que o profissional domine ou pelo menos tenha noção de mais áreas, mesmo porque poucos atores vivem apenas de atuar. Eu acredito que a maioria, assim como eu, vive do ofício teatral e não apenas da atuação.

Eu considero importante que o profissional domine ou pelo menos tenha noção de mais áreas, mesmo porque poucos atores vivem apenas de atuar.

Cristina Vieira – Hoje você participa do Grupo Oriundo de Teatro. Qual o significado de fazer parte desse grupo?

Anna Campos – Fazer parte do Grupo Oriundo de Teatro significa a realização de um sonho. Eu tinha um sonho de ser atriz e viver do meu ofício, através do Grupo Oriundo de Teatro isso é possível.

Cristina Vieira – O Lustre; Samambaias, A Festa do Pijama, qual deles foi mais importante? Por quê?

Anna Campos – Eu não consigo identificar qual foi o mais importante. Cada um deles teve importância na construção da minha história, cada um deles representou um passo à frente na minha trajetória como atriz, produtora e diretora.

Cristina Vieira – Recentemente você encenou o monólogo Death Lay – Na vida tem jeito pra tudo, inspirado na sua mãe, que está em coma há dez anos. Você se inspirou em alguma peça ou encenação anterior?

Pessoalmente me lembro da peça, “Processo de conscerto do desejo”, na qual Matheus Nachtergaele declamou poesias escritas por sua mãe, que cometeu suicídio, quando ele era criança. Você encontra alguma similaridade entre os espetáculos?

Anna Campos – Eu não me inspirei em nenhuma peça específica, mas, de certa forma, o espetáculo de Matheus Nachtergaele que eu assisti é sim inspiração. Ele e diversos outros solos são uma inspiração no sentido do ator solo em cena; do ator com a plateia e com ele mesmo. Elas constituem uma inspiração no sentido do desejo, no sentido da coragem.

O espetáculo de Matheus Nachtergaele e diversos outros solos são uma inspiração no sentido do ator solo em cena; do ator com a plateia e com ele mesmo. Elas constituem uma inspiração no sentido do desejo, no sentido da coragem.

Cristina Vieira – O que foi para você encenar essa peça? Como você sintetiza o seu conteúdo?

Anna Campos – Essa peça representa muita coisa para mim, além de ser uma história que eu quero contar, que faz parte da história da minha vida. Ela também representa meu retorno aos palcos, depois de 10 anos sem entrar em cena como atriz.

No espetáculo eu falo especialmente da minha convivência com a minha mãe que há 10 anos vive em coma vegetativo permanente.

Cristina Vieira – Apesar de ser um espetáculo solo, você contracenou com uma boneca com as feições e tamanhos da sua mãe, Valéria. Para algumas pessoas que conhecem a sua mãe, isso foi especialmente emocionante, e para você como foi?

Anna Campos – Contracenar com uma boneca com as feições da minha mãe me toca, mas fazer esse espetáculo, levar essa temática à cena tem sido gratificante para mim.

Cristina Vieira – Qual foi a reação do público? Há algo que você queira ressaltar?

Anna Campos – Eu acredito que a reação do público tem sido de certo espanto, mas eles entram na história e exalam um forte sentimento de empatia.  Eu vejo o público se emocionando.

Cristina Vieira – Foi difícil? Em algum momento você achou que não conseguiria? Como segurou a emoção?

Anna Campos – Considero que o mais difícil foi tirar do papel, foi ter a coragem de retomar, sair do lugar onde estava. Isso foi um desafio.

Eu pensei em desistir, não porque achei que não conseguiria, mas porque, às vezes, não tinha certeza se conseguiria comunicar exatamente o que desejava.

Lancei mão de muita técnica no espetáculo. Posso dizer que não é uma peça na qual a emoção corre solta para a atriz, mas há momentos nos quais eu não preciso segurar o sentimento.

Na verdade, foi muito interessante contracenar com minha emoção, jogar com a minha emoção e com o público.

Cristina Vieira – Depois de toda essa experiência, responda: trabalhar como atriz vale a pena?

Anna Campos –- “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”!

Eu não me vejo trabalhando em outra profissão que não seja esta. Então pra mim, vale!

Cristina Vieira – Que conselho você daria para quem está começando?

Anna Campos – O ofício teatral é amplo. Existem muitas coisas que a gente pode fazer para se manter na profissão. Atuar é uma delas.

Eu diria para as pessoas que estão começando para que tracem metas e corram atrás delas, para que não fiquem apenas no sonho.

 

Quer entrar em contato com Anna Helena? Veja como:

E-mail: annacamposatriz@gmail.com

Instagram: @annacamposatriz

@grupooriundo

 

 

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