Eterno aprendiz

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Música, música!…

“De maneira nenhuma me sinto especial em relação a nenhum outro músico, mesmo porque a música é uma expressão artística infinita que pode ser realizada de maneira espetacular utilizando apenas o próprio corpo”.

Mundin Rocha

Desde os primórdios, as pessoas produziam alguma forma de sonoridade. Há mais de 50 mil anos, as pessoas executam sons baseadas no rufar das ondas do mar, nas batidas do coração, no barulho dos trovões, no canto dos animais, enfim, se a natureza canta, por que não o homem? Assim surgiram palmas, batidas de pé no chão e, muito tempo depois, a palavra cantada.

Na minha percepção de mulher, poeta e sonhadora, sempre recebi e percebi a música como algo fundamental. Ela acompanha o homem desde sempre e, acredito, ser uma das formas de arte mais constante em nossas vidas. Cantam os anjos, os sábios, as crianças, os homens e as mulheres.  Alguns tocam harpas; outros pianos, tambores, cavaquinhos, violões, mas todos dançam aos sons de ritmos que movem corpos e espíritos, aproximam pessoas no salão, na cama, no teatro e qualquer outro lugar que você imaginar.

“Cantam os anjos, os sábios, as crianças, os homens e as mulheres”. 

Raimundo Andrade Rocha, o Mundin

Raimundo Andrade da Rocha é o nome do nosso entrevistado de dezembro. Conhecido como Mundin, ele conta com 40 anos de carreira e uma trajetória marcada por desafios e conquistas, como você confere nesta entrevista ao Blog da Cris.

Licenciado em música pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Mundin é cantor, compositor, violonista e cavaquinista. Sua carreira se iniciou na década de 80, quando integrou o grupo vocal, de músicas autorais, Chapéu do Sol, posteriormente participou de festivais realizados no interior de Minas, conquistando o primeiro lugar em Ipatinga e Betim, também, foi finalista do Prêmio Música Minas, em 2021. Ainda, nesse ano, Mundin conquistou o quarto lugar no Festival Nacional da Canção. Em 2022, lançou o CD Interstício e planeja para 2023 muita música e um novo CD.

Cristina Vieira – Como a música entrou na sua vida e a partir de que momento você percebeu que era mais do que uma paixão momentânea, mas uma vocação e um prazer?

Mundin Rocha – Na década de 1970, eu participava de encontros de jovens, realizados pela Igreja Católica. Nessa época, conheci meu amigo, Valdir Marcos, que me ensinou os primeiros acordes no violão. A partir daí, comecei a me dedicar ao estudo do instrumento e a compor minhas primeiras canções. Como me encontrei nesse processo, não parei mais.

Cristina Vieira – Houve um momento em que você se dedicou a outra atividade? Qual? Pode nos contar o que o fez buscar a música como ocupação principal e como isso mudou a sua vida?

Mundin Rocha – Em 1983, ingressei no serviço público, época em que precisei dividir meu tempo entre o trabalho como servidor público e o trabalho como músico. Apesar de precisar diminuir minhas atividades musicais, nunca deixei de trabalhar com música, seja participando de festivais, seja gravando em estúdio e fazendo shows.

Cristina Vieira – Você fez universidade de música? Qual a relevância dessa formação para o seu desempenho?

Mundin Rocha – Em 2007, entrei para o curso de graduação em Educação Musical na UEMG, onde me formei, três anos depois.  A importância da universidade no ensino da música se dá, além dos conhecimentos técnicos adquiridos, pelo efetivo contato com outros profissionais da área, tanto com os professores quanto com os próprios colegas.

Cristina Vieira – Além de cantor e compositor você toca violão e cavaquinho, isso o torna de certa forma especial em relação a outros talentos? Explique rapidamente pra gente.

Mundin Rocha – De maneira nenhuma me sinto especial em relação a nenhum outro músico, mesmo porque a música é uma expressão artística infinita que pode ser realizada de maneira espetacular utilizando apenas o próprio corpo. O instrumento musical convencional é apenas uma das maneiras de se fazer música. A inclusão do cavaquinho como mais um instrumento foi despertado em mim pela vontade de explorar timbres novos. Considero-me como um eterno aprendiz na música, sempre com um desejo de aprender cada vez mais.

Cristina Vieira – Fale resumidamente sobre trabalhos marcantes realizados ao longo da sua carreira.

Mundin Rocha –. Em setembro de 2020, lancei meu primeiro álbum solo, com canções autorais, as quais representam minha carreira, até aquela época. Em junho de 2021, fiz uma live apresentando cinco das músicas gravadas nesse CD.  Já, em 22 de outubro de 2021, realizei uma live com o apoio do Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal, em comemoração ao dia do funcionário público, mesclando canções autorais e de outros compositores. Em 2022, lancei o CD Interstício com um show no Teatro de Câmara do Cine Teatro Brasil.

Cristina Vieira – Quais são suas principais referências musicais? Como elas se fazem presentes em sua obra?

Mundin Rocha – A música brasileira constitui meu alicerce formativo. O samba e a MPB sempre foram minhas principais influências. A música de Paulinho da Viola e do Milton Nascimento é o DNA musical que carrego comigo, desde o início.

Cristina Vieira – Que papel os festivais tiveram em sua trajetória? Acredita que sem eles você teria prosseguido?

Mundin Rocha – Nos anos 1980, havia grande número de Festivais da Canção em todo o Brasil. Era uma ótima oportunidade de mostrar sua música e fazer contatos profissionais. Acredito que foram o principal incentivo que tive para seguir na música.

Cristina Vieira – Recentemente você gravou o CD “Interstício”. Como você explicaria o fato em termos de realização? Como foi sua aceitação pelo público e pela mídia?

Mundin Rocha – Interstício foi o primeiro CD solo e com músicas autorais gravado por mim. Em minha opinião, esse CD ficou muito bom, com arranjos espetaculares e que segue muito ouvido nas plataformas digitais e em algumas rádios de BH.

Cristina Vieira – O show Interstício em agosto foi, sem dúvida, um belo espetáculo. Que sentido ele trouxe à sua vida e à sua carreira?

Mundin Rocha – O show foi muito marcante, pois pude apresentar várias de minhas canções que ainda não tinham sido gravadas. Foi como uma comemoração de 40 anos de carreira e, de certo modo, um recomeço, pois atualmente me dedico integralmente à música.

Cristina Vieira – Você já fez outros espetáculos como esse? Se fez que comparação você faz entre ele e os demais?

Mundin Rocha – Já participei de vários espetáculos como esse, não como artista solo, mas como integrante de uma Banda. Em um show solo a responsabilidade com a música é maior, os desafios são mais complexos.

 Cristina Vieira – Hoje você conta com um time de peso. Músicos como Chico Amaral, Christiano Caldas, Camila Rocha e Paulo Fróis integram sua equipe. Como você define a participação desse elenco em seus projetos?

Mundin Rocha – Pra mim, não é possível fazer música sozinho. A música é agregadora e catalisadora de amizades, e isso é o que mais me fascina nela. Esses músicos são maravilhosos, pois se dedicam ao meu trabalho como se fosse deles próprios, com muito carinho e profissionalismo. Meu trabalho não teria ficado tão bom sem eles.

“Pra mim, não é possível fazer música sozinho. A música é agregadora e catalisadora de amizades, e isso é o que mais me fascina nela”.

Cristina Vieira – Recentemente você passou a integrar a banda Fita Amarela. Em que medida isso foi um desafio? Como você chegou ao grupo e o que ele trouxe de novo à sua carreira?

Mundin Rocha – Minha filha, Camila Rocha, que é baixista, foi integrante do grupo. Eu ia muito aos shows do conjunto e, quando possível, sempre dava uma canja.  Fiquei muito amigo de todos os músicos da banda. Em 2020, eles me convidaram para participar com eles de uma live e, posteriormente, a ser integrante fixo da banda. Gosto muito de participar de bandas, sempre há muita troca e aprendizado. Isso exige uma dose grande de negociação e humildade de todos para que as coisas possam ser realizadas de uma maneira mais eficaz.

Cristina Vieira – Quais são os principais desafios enfrentados ao longo da sua carreira e como você fez ou faz para superá-los?

Mundin Rocha – O grande desafio para um músico independente, como eu, é a divulgação ampla do trabalho e a formação de público. Com o advento das Redes Sociais, é possível divulgar a arte e a cultura de maneira mais acessível, entretanto o trabalho de formiguinha, aquele de boca a boca, ainda é o mais importante para um músico independente.

Cristina Vieira – Que música você elegeria como mais representativa do seu atual momento? Por quê?

Mundin Rocha – Tenho ouvido muito ultimamente o samba do Arlindo Cruz “O Show Tem que Continuar”, ele tem uma melodia e harmonia maravilhosas e uma letra que nos dá força e ânimo pra continuar, apesar de todas as pedras e muros do caminho.

Cristina Vieira – Quais são os seus principais projetos para 2023?

Mundin Rocha – Em 2023, pretendo gravar meu segundo CD e principalmente continuar fazendo o que eu mais gosto: música.

Cristina Vieira – Quais dicas você daria para quem quer ingressar na carreira musical, seja como cantor, compositor ou instrumentista?

Mundin Rocha – A música nunca pode ser vista apenas como uma ferramenta para tornar alguém famoso.  A música exige dedicação e estudo. Ela é desafiante e, ao mesmo tempo, muito prazerosa. Além disso, não podemos nos esquecer que todos somos e seremos sempre aprendizes.

Quer entrar em contato com Mundin?

E-mail: mundinrocha@hotmail.com

Instagram: @mundin_rocha

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